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Paulo Roberto

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

RESPIRAÇÃO DO YOGA ESTUDO MÉDICO CIENTÍFICO

POR DENTRO DA RESPIRAÇÃO DO YOGA (PARTE 1)

A neurofisiologia do Pranayama

Os intrincados caminhos da meditação dentro de nosso cérebro têm sido pesquisado por inúmeros neurocientistas e hoje, graças às modernas técnicas de imageamento cerebral, conseguimos inclusive identificar quais áreas neuronais estão mais ativas no momento da meditação profunda. No entanto, todos os estudos com meditadores experientes parecem desenhar um mesmo perfil, um estado de “alerta/calmo”; observação esta que desperta a hipótese de uma dupla ativação dos sistemas simpático/parassimpático, diminuindo a freqüência respiratória (FR) e a cardíaca (FC) a índices tão baixos que o eletrocardiograma em uma pesquisa de 1973 não conseguiu medir alterações no coração durante cinco dias em um suposto yogue em meditação (Khotari et al., 1973), ou ainda, aumentos da FC, FR e temperatura corporal tão acentuados que yogues secavam seguidamente cobertores molhados com o próprio corpo enquanto meditavam no gelo (BENSON et al., 1990). Pesquisas recentes, no entanto, seguem um caminho distinto e investigam o que parece ser o suporte para tamanho grau de atenção: a respiração yoguica (pranayama) (ROLDAN & DOSTALEK, 1983, 1985; BHARGAVA et al, 1988; TELLES & DESIRAJU, 1991, 1992; RAGHURAJ et al, 1998; BROWN & GERBARG, 2005 1-2; JERATH et al, 2006).

Os yogues vêm utilizando o pranayama há milênios, visando dentre outros fatores, diminuir as FR, FC e direcionar a mente para um ponto específico, aumentando assim a concentração (IYENGAR, 2005). Porém, o interessante é ressaltar que esse subterfúgio utilizado e descrito pelos yogues e tido por muito tempo como sem fundamento, torna-se, com auxílio dos laboratórios científicos, evidência clara de sua eficiência em conduzir a mente a estados alterados de consciência acompanhados de sensações subjetivas de profunda paz e calma (Tebecis, 1975; Corby et al, 1978; ARAMBULA, 2001; BERNARDI, 2001).

Os indianos Visweswaraiah e Telles (2004) investigaram o efeito do pranayama, como terapia complementar em 73 pacientes que apresentavam sintomas avançados de tuberculose. Os pesquisadores dividiram os voluntários em 2 grupos: o primeiro foi submetido à prática de pranayama; e o segundo, passou por treinamentos de respiração consciente. Ao término da pesquisa, o grupo praticante de pranayama demonstrou sensíveis diminuições nos níveis de infecção, imagens radiográficas mais otimistas, aumentos na capacidade vital forçada (CVF) - índice este que representa o volume máximo de ar exalado com esforço máximo, a partir do ponto de máxima inspiração; além de ganho de peso corporal. Os pesquisadores concluem que a prática do pranayama possa servir como terapia complementar no tratamento de problemas respiratórios e/ou fraqueza na musculatura respiratória, como acontece com os lesados medulares, e doentes brônquico-obstrutivos.

Lazar e seus colaboradores (2000), no entanto, mapearam por ressonância magnética o cérebro de yogues em meditação kundalini, que consiste em passivamente direcionar a atenção na respiração e repetir silenciosamente uma frase em particular (mantra) durante a inalação, e um outro mantra na exalação (uma técnica de pranayama). Os resultados apontaram uma ativação maior de estruturas neuronais que podem envolver a atenção e o controle do sistema nervoso autônomo. Os autores chegaram a esta conclusão, estudando cinco sujeitos sem nenhum histórico de desordens mentais, que meditavam diariamente por pelo menos 4 anos. Durante a meditação pôde-se observar significantes alterações no fluxo sangüíneo de algumas estruturas cerebrais. Os autores enfatizam que os yogues em meditação direcionam sua atenção a uma tarefa específica, e segundo eles, este fato correlaciona-se com a diminuição da FR.

Além dessas pesquisas podemos citar muito mais trabalhos com o mesmo foco de averiguação, no entanto, Richard Brown e Patricia Gerbarg, foram mais fundo ao investigar os exercícios respiratórios do yoga e não se limitaram apenas em descrever os benefícios que essas técnicas podem proporcionar aos seus praticantes, mas construíram um modelo neurofisiológico do pranayama correlacionando-o com pesquisas sobre hiperventilação, respiração lenta, estimulação do nervo vago, meditação, teoria polivagal e observações clínicas.


POR DENTRO DA RESPIRAÇÃO DO YOGA (PARTE 2)

Ujjayi. O pranayama ujjayi aumenta a atividade parassimpática e a variabilidade da FC, estimula o tônus vagal, proporciona maior tolerância aos níveis de CO2 no sangue sem diminuir a FR, aumenta a resposta barorreflexa (pressão sanguínea) e adapta o organismo de seus praticantes a tolerar níveis de estresse e exercícios mais altos (BROWN & GERBARG, 2005). É lícito supor que este pranayama também estimule sobremaneira o córtex pré-frontal (CPF), pois os yogues mantém a atenção focada nos tempos de inspiração, retenção do ar, expiração e retenção sem ar durante toda a respiração ujjayi.

O aumento da resistência do ar inspirado/expirado, devido ao fechamento parcial da glote durante o ujjayi, resultam em maior variabilidade da FC e em arritmias respiratórias (apnéias espontâneas - kumbhaka) que são muito comuns nas pesquisas que averiguam as alterações respiratórias durante meditação (Wallace, Benson & Wilson, 1971; Khotari, Bordia & Gupta, 1973; Nayar, Mathur & Kumar, 1975; BERNARDI, 1998; SPICUZZA, 2000; FRIEDMAN & COATS, 2000; BERNARDI, 2001; Arambula et al., 2001). As arritmias respiratórias espontâneas, assim como a menor sensibilidade quimiorreflexa (aumento de CO2 sangüíneo sem elevação da FR) podem provocar uma maior dilatação dos alvéolos, que por sua vez, estimulam o nervo vago do tronco encefálico em comunicação com o tálamo, o sistema límbico e o córtex sensório-motor. Esses fatores atuando em conjunto parecem aumentar a atenção, a vigilância, liberar e inibir a secreção de alguns neurotransmissores e diminuir a ativação encefálica em algumas áreas do cérebro (Tebecis, 1975; Corby et al., 1978; TELLES & DESIRAJU, 1992; BERNARDI, 1998; FRIEDMAN & COATS, 2000; arambula et al., 2001).

Fokkema em 1999 publicou um artigo de revisão que possuía como foco a psicobiologia da respiração forçada e suas implicações cardiovasculares. Em circunstâncias de estresse, a tensão muscular e reflexa da laringe induz a uma forte redução na entrada de ar pela glote, resultando em prolongadas expirações e elevada pressão intratorácica. Como resultado, eleva-se sobremaneira a pressão sanguínea e aumento de CO2 no sangue (hipercapnia). O que esse autor intitulou de “respiração forçada” é muito similar com o que o yoga chama de pranayama ujjayi. Fokkema associou esse padrão respiratório com fatores sociais, de atenção, de expectativa e de ansiedade no comportamento defensivo de animais. Segundo ainda o mesmo autor o estímulo original para esse padrão respiratório deriva da área de vigilância do hipotálamo (núcleo dorsomedial). Este núcleo estimulado capacita o animal ao reflexo luta/fuga, tornando-o extremamente vigilante. Isso postula que o ujjayi possa ativar a aferência vagal no núcleo do trato solitário (CR) e enviar projeções do núcleo parabraquial ao sistema límbico, ativando as áreas de vigilância hipotalâmicas, resultando em maior atenção por intermédio do núcleo dorsomedial (FOKKEMA, 1999; BROWN & GERBARG, 2005A).

Em animais a respiração ujjayi ocorre espontaneamente quando o mesmo está em perigo e prepara-se para proteger a sua vida (FOKKEMA, 1999). Richard Brown e Patricia Gerbarg relataram que Fokkema observou este mesmo modelo respiratório (“respiração forçada”) ocorrendo naturalmente em crianças pequenas brincando com blocos de montar, resolvendo problemas e em adultos em momentos de estresse. Estas observações nos levam a associar esta “respiração forçada” em fatores que exigem atenção, expectativa ou ansiedade. Porém, durante o yoga essa respiração é auto-induzida e ocorre sem eminência de perigo. A experiência subjetiva depois da prática deste pranayama é de calma, mas as pessoas sentem-se alertas e atentas (BROWN & GERBARG, 2005 A,B).

Shirley Telles e Desiraju trabalharam em vários experimentos envolvendo tipos de pranayama e suas repercussões espirométricas e ergoespirométricas no Departamento de Neurofisiologia no Instituto Nacional de Saúde Mental e Neurociências de Banglore, na Índia. Em um de seus trabalhos eles apontam que o consumo de oxigênio (VO2) aumentou em 52% depois da respiração ujjayi com pequena apnéia (kumbhaka) no final da inspiração comparados com os valores pré-pranayama (TELLES & DESIRAJU, 1991). Esses mesmos autores perceberam que o kumbhaka associa-se com aumentos da FC, tanto na inspiração quanto na expiração. Isso pode sustentar a possibilidade de maior demanda parassimpática em todos os estágios de ujjayi (TELLES & DESIRAJU, 1992).




Escrito por Roberto Serafim Simões às 14h34
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POR DENTRO DA RESPIRAÇÃO DO YOGA (PARTE 3)

Bhastrika e Kapallabhati. O pranayama bhastrika parece determinar ativação do SNA ( Sistema Nervoso Autônomo ) e excitação do SNC ( Sistema Nervoso Central ), verificado em estudos com eletroencefalografias (EEG) (ROLDAN & DOSTALEK, 1983, 1985). A experiência subjetiva de excitação durante bhastrika mostra, assim como no ujjayi, estados emocionais calmos e com ativação mental de alerta (alerta/calmo). A prática diária de bhastrika fornece uma estimulação suave no SNS ( Sistema Nervoso Simpático )e também aumento em sua capacidade de resposta (BROWN & GERBARG, 2005A,B). Tanto bhastrika quanto o kapallabhati, duas técnicas de pranayama que se utilizam de expulsões fortes do ar pelas narinas conduzem seus praticantes a uma espécie de hiperventilação. A hipocapnia (diminuição de CO2 no sangue) provocada por essas duas técnicas suprimem a atividade do mesencéfalo reticular do tronco encefálico, que bloqueia outra entrada sensória não-vagal do tálamo. Com efeito, isto aumenta a dominância autônoma. A ativação do tálamo e a supressão da ativação reticular são associados com menores EEG durante hiperventilação, provocando estados similares à sonolência, porém com seus praticantes bastante alertas, levando-nos a reforçar a hipótese de uma ativação dupla simpático/parassimpático (BROWN & GERBARG, 2005A,B).

Segundo ainda alguns autores, suas pesquisas e observações mostram que os ritmos e intensidades diferentes de inspiração, expiração e retenção de ar criam uma variedade de estímulos múltiplos de aferências viscerais, receptores sensórios e barorreceptores. Isso provavelmente pode influenciar diversos grupos de fibras ligadas com o nervo vago, induzindo, hipoteticamente, mudanças fisiológicas nos órgãos, glândulas e fibras ascendentes do tálamo, sistema límbico e áreas corticais (PORGES, 1994, 2001; BROWN & GERBARG, 2005A,B; BEAUCHAINE et al, 2007; PORGES, 2007).



Eixo do estresse. Muitos trabalhos evidenciam que o SNP (Sistema Nervoso Parassimpático) é bastante ativo durante a prática do yoga. Sabemos que o SNP quando acionado aumenta sobremaneira o relaxamento e diminui a FC e FR (Wallace, Benson & Wilson, 1971; Khotari, Bordia & Gupta, 1973; Nayar, Mathur & Kumar, 1975; Arambula et al., 2001; Peng et al., 2004; Solberg et al, 2004). Com a queda da FC e FR, estimulamos bem menos o núcleo gigantocelular da formação reticular. Este núcleo secreta neurotransmissores inibitórios (GABA) ao lócus ceruleus, localizado na ponte. O lócus ceruleus é o responsável por liberar um outro neurotransmissor, que ao contrário do GABA, estimula ao invés de inibir o cérebro, conhecido como noraepinefrina (NE) para áreas sub-corticais, como o hipotálamo. O hipotálamo, por sua vez, é o local desencadeador do eixo do estresse, que no final de seu processo secreta cortisol pelas glândulas supra-renais, gerando estresse deletério em casos crônicos. Assim, podemos concluir que durante o pranayama, menos cortisol é liberado no sangue, fato este confirmado em algumas pesquisas que relatam não só a diminuição desse hormônio como a correlação da meditação com a diminuição do estresse e ansiedade (SCHMIDT et al, 1997; KOZASA, 2002; NEWBERG & IVERSEN, 2003), fato este que diminui ainda mais a FR fechando assim, um provável ciclo dentro do processo yoguico que o retro-alimentaria continuamente, elevando a atenção e direcionando a mente a um ponto específico, como a própria respiração do yogue.

Mais uma vez os cientistas envolvidos em pesquisas com pranayama destacam a importância clínica da respiração yoguica, pois indivíduos portadores de algumas doenças cardíacas, assim como disfunções respiratórias comumente presenciadas em lesados medulares, doentes brônquico-obstrutivo e pacientes com queixa de ansiedade e estresse são acompanhadas por hipóxia e hipercapnia. Essa população poderia beneficiar-se dessa prática, controlando voluntariamente suas dispnéias e melhorando assim sua qualidade de vida e bem-estar (ORNISH, SCHERWITZ & DOODY, 1983; WALTON et al, 1995; WALTON, SCHNEIDER & NIDICH, 2004).

É interessante frisar, no entanto, que na literatura escreve-se muito sobre o pranayama e seus benefícios, como descrevemos anteriormente, porém invariavelmente as pesquisas carecem de padronizar seus protocolos de exercícios respiratório, especificar qual técnica respiratória do yoga fora utilizada, além de deixar dúbio se os benefícios vieram do pranayama, da meditação ou do próprio estilo de vida dos indivíduos pesquisados. Por isso, é imprescindível que o pranayama empregado em trabalhos com o yoga seja muito bem claro e específico, para que outros pesquisadores possam também reproduzi-los em outras populações, comparar seus benefícios e disseminar essa técnica como terapia complementar alternativa na medicina.

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